sábado, 6 de agosto de 2011

A história do homem que ouve Mozart e da moça do lado que escuta o homem

A história do homem que ouve Mozart e da moça do lado que escuta o homem - RJ
Dias 17, 18 e 19, às 23h – Sala Álvaro Moreyra

Embalado por uma tempestade que cresce sobre a cidade, um professor de literatura, perseguido pelo passado, chega a uma hospedaria e não se dá conta que, no quarto vizinho, habita a “moça do lado”. Vizinhos invisíveis. A jovem, mergulhada num universo próprio, conserta bonecas para concretizar um desejo de reparação e aliviar sua dor sentenciada, somando todos seus esforços para conter as inúmeras goteiras e infiltrações que assolam sua casa e sua vida. Ambos solitários, à beira do abismo, esquecidos de si mesmos, não percebem que o imprevisível se faz necessário, ao reuni-los. A peça traz de volta aos palcos da capital o ator Roberto Birindelli, constituindo-se num belo reencontro do gaúcho que vive agora na ponte Rio/São Paulo, aqui contracenando com a atriz Adriana Zattar. Com pequenas ações que beiram o hiper-realismo, os dois personagens estão literalmente afundados no ambiente em que habitam. O tempo e a ausência dele são os responsáveis pelo fio condutor da trama escrita por Francis Ivanovich. O diretor Luiz Antonio Rocha optou por levar à cena uma linguagem artaudiana que possibilitasse aos atores “extrair das palavras a sua expansão fora das palavras”. A utilização de goteiras a partir de garrafas pet e de um imenso espelho d´água que lentamente cobre o palco é como uma tentativa de purificação, revelando o universo metafórico onde os dois personagens estão inseridos.

Texto: Francis Ivanovich / Direção: Luiz Antonio Rocha / Assistência de direção: Rose Germano / Elenco: Adriana Zattar e Roberto Birindelli / Figurino e cenário: Luiz Antonio Rocha / Iluminação: Antonio Mendel / Direção de palco: Cláudio Ricciardi / Contra-regra: Filippe Neri e Samuel Paes de Luna / Produção Executiva e Realização: Cia. Espaço Cênico / Duração: 1h / Classificação: 16 anos

A cãofusão, uma aventura legal pra cachorro


A cãofusão, uma aventura legal pra cachorro
Dia 22, às 15:30 – CESMAR – Região 6 - Nordeste

O espetáculo é uma comédia musical infantil que envolve alguns dos mais renomados artistas gaúchos, unidos no objetivo de encantar e enriquecer o universo infantil com uma história divertida e cheia de ação, em um texto ágil e bem-humorado que valoriza a inteligência da criança e defende valores fundamentais para a formação do indivíduo. A peça conta a história de Lady, uma cadela que vê, com o nascimento do filho de sua dona, sua posição ameaçada pelo novo centro das atenções. Em um passeio, conhece Malandro, um cão vira-lata, que lhe mostra a cidade com outros olhos, a diferença e os perigos de viver em liberdade e a poesia existente nas pequenas coisas.

Texto: Marcelo Adams / Direção: Lúcia Bendati / Assistência de direção: Larissa Sanguiné / Elenco: Cassiano Fraga, Daniel Colin, Denis Gosch, Fernanda Petit, Letícia Paranhos, Patrícia Soso e Ricardo Zigomático / Trilha sonora e direção musical: Alvaro RosaCosta / Preparação musical: Simone Rasslan / Criação coreográfica: Larissa Sanguiné / Figurinos: Cláudio Benevenga e Zélia Mirah / Cenário: Zoé Degani / Iluminação: Fernando Ochôa / Produção: Rodrigo Ruiz / Caracterização: Elison Couto e Thippos Hair / Financiamento: Fumproarte / Duração: 1h10min / Classificação: Livre

A mulher sem pecado

A mulher sem pecado
Dia 07, às 21h – Theatro São Pedro

Primeiro texto teatral de Nelson Rodrigues, escrito há exatos 70 anos já com as marcas que o transformariam no mais reverenciado dramaturgo brasileiro de todos os tempos. Já em 1941, seu teatro subvertia padrões e se conectava com o que viria a marcar a cena do teatro contemporâneo: a mistura de linguagens, a busca por ultrapassar fronteiras e cruzar recursos cênicos. A peça conta a história de Olegário, personagem que, doido de ciúmes pela mulher, finge usar cadeira de rodas só para testar sua fidelidade, e causou impacto quando de sua estreia no Theatro São Pedro. Diz o diretor Caco Coelho, pesquisador contumaz do célebre dramaturgo, que assina a direção do espetáculo em parceira com Beto Russo, que “Nelson queria que o teatro brasileiro entendesse a necessidade de se falar sobre o Brasil mas, depois, apagaram intencionalmente esse sentido de brasilidade dele.” O texto, em citação retirada do programa original, “ será permanentemente atual porque trata da essência do ser humano, que invade a inteireza da cena.”

Texto: Nelson Rodrigues / Direção: Caco Coelho e Beto Russo / Elenco: Luciano Mallmann, Vanessa Garcia, Alexandre Farias, Pi Vieira e Bruno Fernandes / Participação especial: Lurdes Eloy e Sandra Alencar / Participação especial em vídeo: Vera Holtz e Zé Victor Castiel / Direção de arte e cenografia: Vicente Saldanha / Iluminação: Fabrício Simões / Figurino: Anelisa Teles/ Trilha original e Produção musical: Loop Reclame / Direção musical: Edu Santos e Edo Portugal / Música tema: Bibiana Petek / Direção vídeo Vera Holtz: Alex Gabassi / Direção vídeo V8: Rodrigo Pesavento / Luz espectral menina: Alexandre Fávero (Clube das Sombras) / Cabelos e maquiagem: Gotan Cabeças do Futuro / Projeto gráfico: Guilherme Rex / Preparação vocal: Lígia Motta / Preparação corporal: Carla Vendramin / Preparação capoeira ator Alexandre Farias: Mestre Gororoba / Fotos: Du R. Maciel / Vídeos: Zeppelin Filmes e O2 Filmes / Sonorização e imagem: Visual Áudio e Vídeo / Assistente de produção: Manu Menezes / Produção: Luciano Mallmann / Duração: 1h40 / Classificação: 14 anos

Viúvas – Perfomance sobre a ausência

Viúvas – Perfomance sobre a ausência - RS
Dias 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18 e 19, às 18h – Ilha das Pedras Brancas

A montagem da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz propõe uma viagem à memória da ditadura militar. A performance acontece nas ruínas do antigo presídio de presos políticos na ilha das Pedras Brancas, conhecida como Ilha do Presídio, no Rio Guaíba. Para chegar lá, o público é transportado de barco. O espetáculo faz parte da pesquisa teatral que o Ói Nóis vem realizando sobre o imaginário latino-americano e sua história recente. Partindo do texto Viúvas, de Ariel Dorfman e Tony Kushner, a Tribo dá continuidade à sua investigação da cena ritual, dentro da vertente do Teatro de Vivência que caracteriza a história do grupo. Viúvas mostra mulheres que lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram ou foram mortos pela ditadura civil militar que se instalou em seu país, numa montagem onde atores e espectadores partilham de uma experiência comum e que tenha a intensidade de um acontecimento capaz de produzir novas formas de percepção.

Texto: Criação coletiva livremente inspirado no texto de Ariel Dorfmann / Direção: Direção Coletiva Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz / Elenco: Tânia Farias, Paulo Flores, Marta Haas, Clélio Cardoso, Paula Carvalho, Renan Leandro, Roberto Corbo, Sandra Steil, Edgar Alves, Eugênio Barbosa, Alex Pantera, Jorge Gil, Alessandro Muller, Letícia Virtuoso, Aline Ferraz, Karina Sieben, Geison Burgedurf, Paola Mallmann, Cleber Vinícius, André de Jesus, Mayura Mattos, Leila Carvalho e Daiane Marçal / Figurino: Criação Coletiva / Trilha sonora: Johann Alex de Souza e grupo / Iluminação: Charles Brito / Duração: 1h + 1h20min (deslocamento) / Classificação: 16 anos

Amar

Amar - Argentina
Dias 11 e 12, às 23h – Sala Álvaro Moreyra

Três casais viajam para passar um fim de semana em um balneário. Em uma noite regada a álcool, uma conversa despretensiosa é o pano de fundo para que a realidade de cada personagem se coloque em primeiro plano. No espaço cênico, poucos elementos delimitam a ação. Seis atores, três homens e três mulheres, dão vida a uma encenação crua e real, ressaltando o jogo cênico estabelecido entre os personagens, confinados pelo bosque do lugar, uma pista de baile, um bar e com o ruído do mar como trilha. O diretor Alejandro Catalán é um exímio diretor de atores, reconhecido em Buenos Aires por sua exigência e preparo técnico. Em Amar mais uma vez o foco está no trabalho de interpretação, em particular no trabalho de iluminação, feito com lanternas, manipuladas pelos próprios atores, dando um clima de filme com edição ao vivo.

Direção: Alejandro Catalán / Elenco: Lorena Vega, Natalia López, Paula Manzone, Federico Liss, Edgardo Castro e Toni Ruiz / Assistência de direção: Maria Rita Gonzalez / Figurino: Ana Press / Trilha sonora: Bruno Luciani / Produção musical: Bruno Luciani e Sergio Catalán / Iluminação: Matías Sendón / Duração: 1h20min / Classificação: 16 anos

A lua vem da Ásia

A lua vem da Ásia - RJ
Dias 16 e 17, às 21h e 18, às 18h – Theatro São Pedro

A loucura é o tema central do espetáculo cujo protagonista, um homem incomum em busca da compreensão e justificativa da vida e da morte, conta, em forma de diário, momentos de sua vida desafiando a lógica do mundo em que vive. Astrogildo, o protagonista, inicia o insano relato de sua trajetória confessando que matou seu professor de lógica quando tinha 16 anos e, candidamente, se assume falsário, ladrão, assassino e vítima. A paixão e intimidade com esta obra de Campos de Carvalho serviram de estímulo para o ator Chico Diaz adaptar o texto para os palcos e se lançar ao desafio de estrelar seu primeiro monólogo. Com o cuidado de preservar o caráter surrealista do texto, a direção de Moacir Chaves e a supervisão de Aderbal Freire-Filho encaminharam o espetáculo para uma montagem carregada de humor ácido, em uma verdadeira ode à liberdade.

Texto: Campos de Carvalho / Direção: Moacir Chaves / Atuação: Chico Diaz / Figurino: Maria Diaz / Iluminação: Renato Machado / Direção musical: Alfredo Sertã / Projeções: Eder Santos / Cenário: Fernando Mello da Costa / Produção executiva: Wagner Uchoa / Duração: 1h35min / Classificação: 14 anos

A última gravação de Krapp

A última gravação de Krapp – Itália/Estados Unidos
Dias 23 e 24 às 21h e 25 às 18h – Theatro São Pedro

Um dos mais conhecidos textos de Samuel Beckett trará à cena de Porto Alegre, em passagem exclusiva pelo Brasil, aquele que é hoje considerado o maior encenador teatral da atualidade, Robert Wilson, se revezando como ator e diretor do excepcional monólogo. O texto de Samuel Beckett é um solo/diálogo onde um ator no palco mantém uma conversação com a sua própria voz gravada há muito anos. Um homem velho, no dia do seu aniversário, se prepara para fazer uma gravação sobre os anos de sua vida, como tem feito em todos os seus aniversários. Ao se preparar para fazer a nova gravação, ouve outra feita por ele há mais ou menos 30 anos, no final do último ano verdadeiramente feliz de sua vida. Azedo, engraçado, irônico, ele acha difícil se reconhecer na voz frágil, romântica, confiante da juventude. Robert Wilson, um dos mais importantes diretores cênicos da atualidade, não só dirige, mas também atua nessa montagem, oportunidade única para conferir seu talento de performer. Wilson tem sido frequentemente comparado a Beckett, ambos mestres da simplicidade absoluta e essencial do que pode ser realizado em um palco de teatro. A peça de um ato teve estreia mundial em outubro de 1958. Sobre o atual trabalho, diz Wilson: “Quando dirijo um trabalho, crio uma estrutura e quando todos os elementos visuais estão no lugar, tenho uma moldura para os “performers” preencherem. Se a estrutura é sólida, então os artistas podem se sentir livres dentro dele. Aqui, na maior parte, a estrutura é dada, e preciso achar a minha liberdade na estrutura de Beckett. Ele te diz como o cenário deve ser, quais os movimentos, etc.” Oportunidade imperdível para conferir, ao vivo, um dos maiores nomes do teatro contemporâneo.

Texto: Samuel Beckett / Criação, direção e atuação: Robert Wilson / Desenho de cenário e concepção de luz: Robert Wilson / Desenho de figurino e colaboração para desenho de cenário: Yashi Tabassomi / Desenho de luz: A.J. Weissbard / Desenho de som: Peter Cerone / Diretor associado e gerente de palco: Sue Jane Stoker / Diretor assistente: Charles Chemin / Diretor técnico: Reinhard Bichsel / Maquiagem: Mariarita Parisi / Gerente da companhia: Gaia Scaglione / Duração: 1h10min / Classificação: 14 anos

A dama indigna – Cida Moreira

A dama indigna – Cida Moreira /SP
Dia 20, às 21h – Theatro São Pedro

Com direção do gaúcho Humberto Vieira, Cida Moreira, acompanhada apenas de seu piano essencial, mostrará canções que fazem parte de seu último disco, A Dama Indigna, que alcançou todas as paradas dos mais vendidos, menos de um mês após seu lançamento. A cantora paulista, de forte entonação teatral, mostra canções de Caetano Veloso, Jards Macalé, Kurt Weil e outros compositores, cuja força é reforçada pela força da excepcional intérprete. Cida, habitual conhecida da platéia gaúcha, tem uma legião de fãs fiéis que aguardam ansiosamente suas apresentações na cidade. Escolheu o Em Cena para lançar este que já é considerado um marco em sua carreira. “Neste momento, a dama quer ficar só com sua música e ser indigna o suficiente para manter seu desejo de ser artista intacto, renovado, depois de tantos anos...Adoraria ter sido uma verdadeira cantora de cabaré. Nasci no tempo errado e por isso criei então uma persona teatral, sem pudor, completamente livre. Assim é A dama indigna, um apanhado peculiar de canções emblemáticas para mim, e que no show tem mais canções que não puderam ser gravadas. Quero ter a cor do meu tempo, quero ser muitas mulheres dentro desse tempo, quero me conciliar com ele e cantar o que ele me pede agora” diz a própria Cida, a respeito do trabalho.

Direção artística: Humberto Vieira / Direção musical: Cida Moreira / Piano e voz: Cida Moreira / Iluminação: Claudia de Bem / Figurino: Fause Haten / Cenário: Humberto Vieira / Duração: 1h30min / Classificação: 14 anos

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A flauta mágica

A flauta mágica – França
Dias 21, 22 e 23, às 21h – Teatro do Bourbon Country

A Flauta Mágica (Une flûte enchantée) é a encenação de Peter Brook para a célebre ópera de Mozart. De uma eficácia cênica comovente, o espetáculo explicita o método de encenação de Brook, um dos maiores encenadores da história do teatro, buscando a simplicidade absoluta de efeitos, reduzindo a duração do espetáculo de quatro horas para uma hora e meia sem que se percam nenhum dos aspectos fundamentais da obra. Aos 86 anos, 40 deles à frente do mítico teatro parisiense Les Bouffes du Nord, Peter Brook, escolheu este espetáculo para anunciar seu afastamento dos encargos administrativos que o ligavam à sala famosa. Juntamente com seus colaboradores habituais, Marie-Hélène Estienne e o diretor musical Franck Krawczyk, Brook subverte cada uma das convenções da ópera, em montagem que ganhou o Prêmio Molière, de Melhor Espetáculo Musical da França, em 2010. Minimalista, com Krawczyk sozinho ao piano, a encenação é uma versão de câmara da ópera mozartiana, desnudando o palco e contando com pouquíssimos recursos cênicos, deixando seu jovem elenco cantar olho no olho com a plateia, cujo resultado é de total magia e encantamento. Um espetáculo obrigatório para os amantes da ópera e do teatro contemporâneo, com dois elencos que se alternam durante as apresentações.

Da obra de Wolfgang Amadeus Mozart / Livremente adaptado por: Peter Brook, Franck Krawczyk e Marie-Hélène Estienne / Direção: Peter Brook / Elenco musical: Abdou Ouologuem, Adrian Strooper, Aylin Sezer, Betsabée Haas, Dima Bawab, Julia Bullock, Jean-Christophe Born, Leila Benhamza, Malia Bendi-Merad, Patrick Bolleire, Roger Padullès, Romain Pascal, Thomas Dolié , Vicent Pavesi, Virgile Frannais e William Nadylam / Piano: Franck Krawczyk e Vicent Leterme / Iluminação: Philippe Vialatte / Figurinos: Hélène Patarot com assistência de Oria Puppo / Diretor de palco: Arthur Franc / Camareira: Alice François / Gerente da turnê: Agnès Courtay / Produção executiva: Marko Rankov / Duração: 1h35min / Classificação: 14 anos

Alma boa de lugar nenhum – Carlos Careqa

Alma boa de lugar nenhum – Carlos Careqa – SP
Dias 12 e 13, às 19h – Instituto Goethe

Nascido em Santa Catarina, criado em Curitiba e radicado em São Paulo, Carlos Careqa é um dos mais criativos nomes da música brasileira. Cantor e compositor de rara presença cênica, Careqa mostra, em clima de cabaré, canções de seu último álbum. Erudição e simplicidade no formato de piano e voz. Coração em chamas, terno branco e pés descalços, paixão nas letras, esse é o fio condutor do show que marca o lançamento do sétimo disco independente de sua carreira. Arrigo Barnabé, Mário Bortolotto e Rodrigo Barros também participam virtualmente, pois gravaram textos que serão ouvidos durante o espetáculo. Cada apresentação de Carlos Careqa é generosa e surpreendente, tornando seu show uma pedida imperdível dentro da programação do Em Cena.

Direção: Carlos Careqa / Voz: Carlos Careqa e Letícia Sabatella / Piano: Paulo Braga / Iluminação: André Boll / Produção musical: Carlos Careqa / Técnico de som: Fernando Lopes / Duração: 1h30min / Classificação: Livre