terça-feira, 27 de julho de 2010

Los caballos


Há histórias que, pela honestidade de sua desdita, merecem escapar do ouvido. Este é o caso do escritor uruguaio Mauricio Rosencof (1933), desde 2005, o Diretor de Cultura da Intendência Municipal de Montevideo.

Mauricio Rosencof nasceu em Florida (Uruguai), filho de imigrantes judeus que posteriormente se mudaram para Montevideo. Nos anos 50, ele se interessou por teatro, começando como ator, chegando a integrar a Institución de Teatro El Galpón. Depois, descobriu a dramaturgia, em que se destacou como um dos dramaturgos mais importantes do continente. Suas obras já foram traduzidas para inglês, português, francês, holandês, alemão e turco. Suas peças já foram encenadas, entre outros países, na Argentina, Suécia, Finlândia, Espanha, México, Alemanha, Noruega e em Cuba.

Em 1972, na qualidade de dirigente do Movimento de Liberação Nacional Tupamaros, foi detido e brutalmente torturado. Junto a outros oito companheiros deste Movimento, foi tomado por “refém” da ditadura e, por isso, mantido em situação de isolamento com características sobre-humanas até 1985, quando foi, finalmente, liberado.

Entre seus textos teatrais mais destacados podemos citar: “El Gran Tuleque”, “Las ranas”, “Pensión familiar”, “La valija”, “Los caballos”, “El saco de Antonio”, “… Y nuestros caballos serán blancos”, “El combate del establo”, “El hijo que espera”, sendo que os últimos textos foram escritos dentro do confinamento.

Maurício Rosencof foi um protagonista comprometido, uma testemunha lúcida, um lutador. E estará presente na apresentação de “Los Caballos” no 17º Porto Alegre em Cena.

Sobre “Los Caballos”, ouçamos o diretor, Ernesto Clavijo:

“Reconhecidamente, “Los Cavallos” é a uma peça inevitável no panorama das artes latinoamericanas pela qualidade dramática e pela poética do texto. Se algum dia percebermos com nitidez a essência de nosso ser latinoamericano, creio que encontraríamos, de maneira mais exaltada, o eterno matrimônio entre a realidade e a fantasia, entre os sonhos e o mundo consciente.

A obra de Rosencof é premonitória, o inimigo da classe caiu com os cavalos. Eles são o poder. Um poder de direções distintas e significado único: a todos eles, de maneiras diversas, os permitirá salvarem-se, projetando-se sobre um futuro e um passado real ou inventado, como assim o são os cavalos.

As ilusões – uma das constantes do autor – se verão frustradas. Mas não deixarão os sonhos, esses não serão levados. Por isso é importante reivindicar aqui a importância e a força dos sonhos. Nós, latinoamericanos, somos filhos de um continente poético. A poesia joga um papel central em nossas relações com os seres humanos e as coisas. Fazemos da poesia realidade quando concretizamos um sonho. Ulpino, Lito, Clotilde, Azucena, Barreto sonham em voz alta na obra de Rosencof. Nos contam de sonhos em meio à tragédia de suas vidas, mas contam de uma maneira que o fazem verdadeiros

Ao defender os sonhos, defendemos a poesia e a arte. Naturalmente que todos ouvimos o grito desgarrado de Ulpino, mandando montar a cavalo e empunhar a lança. Nos damos conta da solidão do velho lutador nostálgico. Mas foi sempre assim. Todos chegamos ou chegaremos um dia a sentir também a depressão e a angustia. A insatisfação de um caminho largo a recorrer ao qual temos ou teremos que renunciar.

E isto pode ser interpretado como decepção. Mas não sobre os outros seres humanos, que a sua maneira também lutam, mas uma decepção frente a este destino trágico da temporalidade e da fugacidade da força e da vida.

Em outro plano, estão Segundo, Clotilde e Lito, seu filho. Decidem ficar no arrozal, a pesar da dor e do sofrimento nômade. Eles permanecem, conseguiram trabalho. É emocionante a cena em que Segundo entrega “a ferramenta de trabalho” a Lito, que deixará no caminho uma realidade mais crua, seu sonho à cavalo. Ele se faz homem para começar a caminhar com outro olhar, mas sem deixar de lutar por seus sonhos.”

*

Texto: Mauricio Rosencof / Direção: Ernesto Clavijo / Elenco: Lidia Etchemedi, Rossana Ramón, Carlos Scuro, Héctor Spinelli, Manuel Villarino, Emanuel Sobré e Júver Salcedo / Figurino: Gerardo Egea / Cenário: Fernando Scorcela / Iluminação: Juan José Ferragut / Trilha sonora: Carlos García / Produção e Realização: Teatro de La Gaviota / Duração: 1h / Classificação: livre

segunda-feira, 26 de julho de 2010

My House - Nunca um Lar Foi Tão Agitado

Vencedor do prêmio Açorianos de Dança de Melhor Coreografia e Melhor Espetáculo de 2009, “My House - Nunca um Lar Foi Tão Agitado” aborda as inúmeras possibilidades de movimentações dentro de um ambiente de uma casa usando a dança como forma de expressão. A construção de uma casa passa pelo planejamento, definição da estrutura, utilidade dos ambientes e a beleza do design. A arquitetura associa-se diretamente ao problema dessa organização do homem no espaço em que vive, preocupando-se com a inter-relação dos componentes da casa e com o movimento do seu habitante. O homem se locomove em meio a estas estruturas modificando sua posição corporal através da energia muscular. Frente a estes ambientes arquitetônicos, as pessoas buscam formas de deslocamento escorregando, saltando, agachando, parando, circulando, e até mesmo, dançando. Associando arquitetura e dança, o grupo “MY HOUSE” usará sua técnica de dança como uma chave, que abrirá a entrada para diversas possibilidades de adaptações frente a estas estruturas. Através dela, há inúmeras chances de explorar esse universo de maneira agressiva e veloz ou suave e lenta. Nessa casa, a locomoção se adapta aos recintos criados, os ambientes são construídos a cada momento e os moradores pretendem achar soluções para a convivência espaço movimento, analisando ações corporais possíveis e alterando a posição do corpo no lugar que o rodeia.

Assim, seja como forem os passos ou as áreas propostas, o enlace entre ambiente e dança se dará em nosso palco o tempo todo.

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Direção: Marco Rodrigues / Diretor técnico: André Birk / Elenco: Adriano Oliveira, Bianca Holsback, Jean Guerra, Leonardo Rosa, Letícia Holsback, Marcelle Schwonke, Marco Rodrigues, Natália Porto, Paula Azevedo, Tainã Correa e Thiago Fernandes / Figurino: Marco Rodrigues / Iluminação: Karra / Trilha sonora: Marco Rodrigues / Produção: Marco Rodrigues e Cristiane Ruiz / Duração: 55min / Classificação: livre / Foto: Paulo Etges

Reglas, usos y costumbres

Um aviso:
 

... se você, às vezes, duvida da roupa adequada para um casamento, para um funeral ou para um batismo, se não sabe como deve chamar o seu filho, ou de que maneira usar os talheres, deve conhecer “Regras, usos e costumes na sociedade moderna”. E se não tem essas dúvidas e leva esses conhecimentos para vida prática, então, deves conhecer essa obra para entender para o quê essas regras servem.

Jean-Luc Largarce (1957-1995) é o dramaturgo contemporâneo mais representado na França e um dos de maio projeção mundial. Suas vinte e cinco obras dramáticas foram traduzidas em mais de vinte idiomas e representadas em vários países. Reglas, usos y costumbres em la sociedad moderna expressa um olhar irônico do Manual de Boas Maneiras, escrito pela Baronesa Blanche Staffe, em que se fica exposto que as boas maneiras não são um assunto menor. Sobretudo, há a reflexão sobre a cultura ocidental e a vida contemporânea com todas as suas contradições. Ao tratar sobre a boa convivência, estabelecendo, por vezes de forma impositiva, as normas muitas vezes rígidas e intransigentes, demonstram a frivolidade das pessoas ao presumir decência. A Dama incorpora a sociedade ideal, essa que é ajustadas às formas, que tem como modelo a sociedade francesa, utilizada como exemplo em muitos dos seus tópicos burgueses. É um personagem que recorre todos os caminhos da vida, sempre como expectadora e intérprete de si mesmo, até que suas próprias formas a engulam. Nas palavras do autor, 

uma sociedade, uma cidade, uma civilização que renuncia a parte de imprevistos, suas dúvidas, sua desenvoltura. Uma sociedade que se contenta a si mesma que se deixa levar pela contemplação mórbida e orgulhosa e sua própria imagem... Uma sociedade magnífica, considerando que assim que se nela crê, sendo também a única que realmente se compreende. Uma sociedade morta.

Em um sarau literário franceês, o personagem de uma Dama, inspirada na figura da baronesa Blanche Staffe, oferece uma reunião sobre o comportamento correto na sociedade. Como uma espécie de detentora da tradição, ela detalha com precisão as diferentes regras que devem ser respeitadas na organização das principais cerimônias que marcam a vida: batismo, noivado, casamento, bodas de prata, de ouro e enterro. Obcecada por assegurar o exaustivo respeito à estética oficial em todas as suas variantes, ela expõe comentários pessoais, amargos ou poéticos, como se quisesse apropriar-se do jogo da vida, controlar-lo, reconhecer-se como espelho do mesmo. No fundo, talvez, ela nos conta o fracasso da vida organizada, da previsão, da construção da felicidade por meio das aparências. O que vemos é o temor do imprevisto, da imprecisão, da desordem.

O termo “sarau” se associa ao de reuniões literárias e filosóficas francesas dos séculos XVII e XVIII. Tratava-se de uma reunião que se celebrava em casa de um anfitrião. Sua finalidade era a de desfrutar da companhia amena, refinar o gosto e ampliar conhecimentos mediante a conversação e a leitura. Pouco a pouco, ocorria a definição dos fins da poesia do poeta clássico Horácio: agradar e educar (aut delectare out prodesse est). Ainda hoje sua prática permanece em todo o mundo.

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De: Jean Luc Lagarce / Tradução: Fernando Gomez Grandes / Adaptação: Ernesto Calvo / Direção: Ernesto Calvo / Elenco: Gerardo Begérez / Figurino: Mario Perez Tapanes / Iluminação: Javier Garcia / Duração: 1h / Classificação: 16 anos

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Los padres terribles

Em 1938, Jean Cocteau (1889-1963) escreveu Los Padres Terribles, tomando as convenções e os clichês do vaudeville (infidelidade, adulterio, confusão de identidades,…) para seu amante, o ator Jean Marais, durante uma prolongada sessão de ópio que durou oito dias. No texto, está o tratamento irreverente de temas que sempre são tabus: o amor obsessivo entre mãe e filho, a infidelidade, o homossexualismo, entre outros. Trata-se de uma farsa feroz e hilariante que causou reação imediata do Conselho Municipal de Paris, que procedeu com o cancelamento da temporada logo após sua estréia, considerando o texto imoral.

Dez anos depois de escrita, em 1948, o cinema abriu a história para o mundo: uma família disfuncional. Uma mãe (Alicia Garateguy), diabética e dependente de insulina, extremamente cúmplice do seu filho. Um filho (Sergio Muñoz) extremamente carinhoso com sua mãe, a quem chama de “Sofi” e com quem compartilha a cama, quando o pai está longe. O pai (Roberto Bornes), Jorge, tem um caso com a jovem Magdalena (Noelia Campo), namorada do filho. A cunhada, Leo (Carla Moscatelli), suspira por Jorge e tem planos para o seu futuro. Em Los padres terribles as relações não são como parecem. O segredo familiar impera e o caos começa quando o filho está ausente. É uma das peças do quebra-cabeça que está perdido. Aos expectadores, a informação é privilegiada desde o início: o filho está namorando.

Dirigida por Alberto Zimberg, a montagem é uma comédia negra, selvagem, imprevisível em que os adultos do mundo são como as crianças: cometem um erro atrás do outro, pequenos crimes, autorizados por sua falta (?) de moral. O espetáculo é feito para divertir, para sacudir, deleitar e desorientar: a família se retorce na agonia de suas paixões sempre equivocadas. E só foi produzida graças à amável autorização de Pierre Bergé, presidente do comitê Jean Cocteau a quem o 17º Porto Alegre em Cena agradece.

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Texto: Jean Cocteau / Direção: Alberto Zimberg / Elenco: Roberto Bornes, Noelia Campo, Alicia Garateguy, Carla Moscatelli e Sergio Muñoz / Figurino: Paula Villalba / Cenário: Claudia Schiaffino e Beatriz Martínez / Iluminação: Martín Blanchet / Trilha sonora: Ojos del Cielo / Produção executiva: Andrea Ferraz-Leite / Duração: 1h15min / Classificação: 18 anos
 

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cuestión de Princípios

Foto: Ivo Gonçalves / PMPA


Está lá em casa, guardado por Deus, contando vil metal...

O tempo do ponto de vista do fim das ideologias, das utopias, das crenças sociais, de muitos dos princípios sociais de antanho. O tempo do ponto de vista de dois personagens no funeral dos valores. Um sorri. O outro chora. “Cuestion de principios” é um texto de Roberto "Tito" Cossa, presidente da Fundação Carlos Somigliana, associação para apoiar o autor teatral, um dos dramaturgos mais importantes do teatro argentino, que recentemente foi agalhoardo com o Premio Hispanoamericano de las Artes Escénicas de los Max na Espanha.

Como cronista, Cossa escreveu no Clarín, no Opinión, no Cronista Comercial e, no início de sua carreira, foi, durante dez anos, correspondente “clandestino” da Prensa Latina, a agência cubana de notícias. Hoje, ainda se autodefine como socialista e como admirador da Revolução Cubana e, nessa texto, vemos a realidade social e a história política da Argentina circularem pelas palavras como frequentemente acontece em todas as suas obras. “Poucos autores alcançaram tão perfeito grau de lucidez na interpretação da realidade social e do comportamento da classe média portenha como Roberto Cossa”, disse Osvaldo Soriano no prólogo de Teatro I, o primeiro tomo das obras completas de Cossa. Entre seus textos, pode se dizer que é destacável El viejo criado, de que já disse Soriano “toda a miseria argentina está ali: o autoritarismo, a mentira, a cegueira história, a estupidez, a ignorancia, a prostituição dos valores éticos e morais”. Com uma lucidez implacável, através de uma bela metáfora, Cossa faz uma revisão da Argentina no último século e mostra o fechamento e a passividade que são os germéns incubados da tragedia de hoje. “Cuestion de princípios” abarca uma pequena parte significativa desses lugares poéticos todos numa produção uruguaia que se apresentará no Brasil, no 17º Porto Alegre em Cena.

Hugo Urquijo dirige a montagem em que são atores Víctor Hugo Vieyra e Adriana Salonia. Ambos dão vida ao reencontro depois de anos de silêncio. Um sindicalista e uma editora famosa: o pai e a filha. Ele quer que ela publique suas memórias. A casa e o vil metal da voz de Elis citada na abertura. Gerações que se enfrentam, lutas de pontos de vista, utopias e ideais, anos 70 versus anos 90. Cenas breves, saltos de tempo, picos de tensão: o manuscrito das memórias é revisto. Linearmente fragmentado, a força está na posição dos personagens frente às suas próprias histórias.

Autor de outras obras de grande êxito como La Nona, Yepeto, Gris de ausencia e Tute cabrero, além de várias outras também levadas às telas, Roberto Cossa, que reside, desde sempre, na Cidade de Buenos Aires, ao falar de política, nos lembra de nós mesmos e no debate interno daqueles que, ao crescer, questionam suas próprias criações.

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Texto: Roberto Cossa / Direção: Patrícia Yosi / Elenco: Walter Reyno e Laura Sanchez / Figurino: Nelson Mancebo / Cenário: Osvaldo Reyno / Iluminação: Carlos Torres / Trilha sonora: Fernando Condon / Duração: 1h10min / Classificação: 14 anos

segunda-feira, 19 de julho de 2010

EGO-Tik

"EGO-tik" quer olhar de longe, o mais longe possível do próprio ego. Quer alcançar o olho crítico como se houvesse sempre dois olhos sobre si mesmo: o do ego e o outro. “Ego-tik” quer o outro, aquele que observa a si mesmo nos momentos mais íntimos e tenta, se possível, criar um espaço comum, um lugar de onde também o olhar do outro opere, um terceiro olhar. A imagem do outro versus a imagem da gente e as duas sobre a gente mesmo. O limite possível entre o real e o que cremos ser. É um passeio pelos pontos fracos, pelas debilidades, pelos medos e vergonhas. Um lugar de regozijo no virtuosismo da dança e da beleza estética, explorando o movimento que surge nos estados de perda do controle emocional, da razão. É quando se percebe mais claramente o eu em sua totalidade, permitindo que o corpo seja reflexo dessa unidade.

O espetáculo fala sobre construção e medos, força poética e beleza. E há humor. O coreógrafo e bailarino Asier Zabaleta já havia mostrado em outros trabalhos seus usos inteligentes com o vídeo cênico, isto é, o vídeo incorporado à cena. Agora, através do diálogo entre performance ao vivo e sua própria imagem projetada em monitores, ele revela medos e vicissitudes a partir desse encontro entre o “eu” real e aquele que pretende ser. Em “EGO-Tik”, o grupo espanhol Ertza serve-se de diferentes técnicas expressivas e, também, audiovisuais para criar um estudo crítico e descarnado sobre a própria personalidade do solista Zabaleta, mostrando as tribulações de seu ego de artista que se converte em espectador, em “voyeur” de sua própria alma.

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Texto, Coreografia e Interpretação: Asier Zabaleta / Figurino e Cenário: Asier Zabaleta / Vídeo: Iker Urteaga / Iluminação: Pascal Burgat / Trilha sonora: Andrés García / Produção: Ertza Dantza Garaikide Taldea / Coprodução: Departamento de Cultura del Gobierno Vasco, Loterie Romande (Suiça) e Bit-art / Duração: 55min / Classificação: 16 anos

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Robert Wilson Video Portraits

Robert Wilson (1941)

Nascido em Waco, Texas, Robert Wilson foi educado na Universidade do Texas e no Brooklyn’s Pratt Institute, onde ele desenvolveu interesse por arquitetura e design. Em Nova Iorque, na metade dos anos 60, encontrando-se entre o trabalho dos coreógrafos pioneiros George Balanchine, Merce Cunningham e Martha Graham, entre outros, reuniu um grupo de artistas, que ficou conhecido por The Byrd Hoffman School of Byrds. A partir daí, grandes produções teatrais estrearam levando seu nome para o mundo: The King of Spain, The Life and Times of Sigmund Freud, Deafman Glance, KA MOUNTain and GUARDenia Terrace, The Life and Times of Joseph Stalin, A Letter for Queen Victoria, Einstein on the Beach (com o compositor Philip Glass), Death Destruction & Detroit e Death Destruction & Detroit II, The Black Rider, Alice, Time Rocker, e POEtry. Entre as muitas óperas dirigidas por Wilson, podem ser destacadas: Parsifal e Lohengrin de Richard Wagner, The Magic Flute de Wolfgang Amadeus Mozart, Madame Butterfly de Giacomo Puccini, e Pelléas et Mélisande de Claude Debussy.

Ao longo dos anos, Wilson apresentou adaptações inovadoras de escritores como Virginia Woolf (Orlando), Henrik Ibsen (When We Dead Awaken), Gertrude Stein (Doctor Faustus Lights the Lights, Four Saints in Three Acts, e Saints and Singing), Heiner Müller (The CIVIL wars, Hamletmachine e Quartet). Com a escritora Susan Sontag, Alice in Bed e Lady from the Sea. Com David Byrne, The Knee Plays e The Forest. Com o poeta Allen Ginsberg, Cosmopolitan Greetings e com o artista performático Laurie Anderson, Alcestis, de Eurípides. Com a cantora lírica Jessye Norman, Great Day in the Morning. Com o cantor e compositor Tom Waits e o escritor William S. Burroughs, Wilson criou a produção de grande sucesso The Black Rider: The Casting of the Magic Bullets, além de Woyzeck, The Temptation of St. Anthony e Leonce und Lena, esse último com o cantor alemão Herbert Grönemeyer.

Tendo já recebido duas vezes os prêmios Rockefeller e Guggenheim, Wilson foi honrado também com vários destaques por sua excelência artística. Pode-se destacar: o Prêmio Pulitzer em Drama, o Prêmio Abbiati da Italian Music Critics Association, o Italian Premio Ubu Awards, o German Theater Critics Award, a Honra Institucional do American Institute of Architect e o American Theatre Wing Design Award. Wilson também já foi ganhador de um Bessie Award, um Direction Obie Award, um Direction Drama Desk Award, o Premio Europa Award of Taormina Arte e o Harvard Excellence Design Award. Talvez entre todos, os mais importantes sejam o título de Doutor Honoris Causa a ele conferido pelo Pratt Institute, pelo California College of Arts and Crafts e pela University of Toronto. Em uma cerimônia na Casa Branca, em 2001, o Smithsonian Institution presenteou-o com o National Design Award. A França o nomeou Comendador de Artes e Letras em 2002. Em 2009, ele foi premiado com o Hein Heckroth Price pelo seu projeto Gießen e a Medalha de Artes e Ciências de Hamburgo.

Em 2007, a Paula Cooper Gallery e a Phillips de Pury & Company, em Nova Iorque, organizaram as exibições de seu mais recente trabalho, o Robert Wilson Video Portraits. Os temas dessa série são vídeos em alta definição de Brad Pitt, Gao Xingjian, Winona Ryder, Jeanne Moreau, Mikhail Baryshnikov, Renee Fleming, incluindo também o vídeo de vários animais. Esse trabalho já foi mostrado no Tribeca Film Festival, Nova Iorque, em galerias e museus de Los Angeles, Nápoles, Moscou, Singapura, Graz, Milão, Hamburgo e continuará cumprindo temporada internacional pelos próximos anos. Em setembro, a exposição estará participando do 17º Porto Alegre em Cena, numa união do Festival com o Santander Cultural.

Ciclo Paralelo Silêncios e Sussurros e o 17º Porto Alegre em Cena

A Fundação Vera Chaves Barcellos, através do edital Conexão Artes Visuais MINC FUNARTE e patrocínio da PETROBRAS, e em parceria com o Santander Cultural, promove o Ciclo Paralelo Silêncios & Sussurros. Consiste numa série de encontros com alguns artistas que integram a exposição de mesmo nome, Silêncios & Sussurros, que inaugurou em maio último a Sala dos Pomares desta Fundação, um prédio de 400 m² construído especialmente para abrigar a programação de exposições e atividades e a reserva técnica que abriga o acervo da instituição em sua sede de Viamão. A Fundação Vera Chaves Barcellos – FVCB – é uma entidade cultural que tem como missão a preservação, pesquisa e difusão da obra da artista Vera Chaves Barcellos, assim como o incentivo à criação artística e à investigação da arte contemporânea. O Ciclo Paralelo Silêncios & Sussurros , assim, está dentro do ideário da instituição, promovendo não apenas um diálogo entre artistas e suas obras, mas principalmente vários diálogos entre vários artistas e várias obras.

A programação será aberta pelo artista Cao Guimarães no dia 17 de julho (sábado), o Encontro ocorre no Santander Cultural (centro de Porto Alegre) às 11h do sábado. Após o encontro, às 14h30, um ônibus do Santander Cultural levará o público para uma visita à Sala dos Pomares, local onde ocorre a exposição Silêncios e Sussurros.

Abaixo, consta a programação de toda a exposição e o 17º Porto Alegre em Cena se sente bastante feliz em notar que, em um momento, as duas agendas se dão as mãos.

Confira a programação completa da exposição:

17 DE JULHO – sábado – Santander Cultural – Encontro com o artista Cao Guimarães
Palestra: 11h às 13h
Intervalo para almoço
14h30 às 16h30: Visita guiada à exposição Silêncios & Sussurros, na Sala dos Pomares - FVCB, em Viamão

7 DE AGOSTO - sábado - Santander - Encontro com Artistas Rodrigo Braga
Palestra: 11h às 13h
Intervalo para almoço
14h30 às 16h30: Visita guiada à exposição Silêncios & Sussurros, na Sala dos Pomares - FVCB, em Viamão

14 de AGOSTO - sábado – Santander - Encontros com Artistas: Gisela Waetge
Palestra: 11h às 13h
Intervalo para almoço
14h30 às 16h30: Visita guiada à exposição Silêncios & Sussurros, na Sala dos Pomares-FVCB, em Viamão

28 DE AGOSTO - sábado – Santander Cultural - Encontro com Artista José Rufino
Palestra: 11h às 13h
Intervalo para almoço
14h30 às 16h30 : Visita guiada à exposição Silêncios & Sussurros, na Sala dos Pomares-FVCB, em Viamão

10 DE SETEMBRO - sexta-feira – Santander Cultural - Palestra com Carmen Pardo -"Nos bosques da música com John Cage"
Palestra: 11h às 13h

11 DE SETEMBRO - sábado – Santander Cultural - Palestra com Carmen Pardo -"Contrapontos de luz e som no teatro de Robert Wilson"
Palestra: 11h às 13h

Nessas duas últimas datas, em que não haverá programação da parte da tarde, a cidade estará também vivendo os ares do Porto Alegre em Cena. E é, pela mão da energia criativa de John Cage e de Robert Wilson, que os dois eventos, importantíssimos na agenda local, se cruzam e se complementam. A palestrante Carmen Pardo Salgado é doutora em filosofia pela Universidade de Barcelona, atuando como pesquisadora do pós-doutorado na unidade do pós-doutorado do IRCAM-CNRS de Paris. Ela assumiu o comando de edição e tradução de John Cage, escritos ao Oído (1999) e é autora de A escuta oblíqua: um convite a John Cage (2001) e a Robert Wilson (2003), em colaboração com Miguel Morey. Tendo seu trabalho centrado em arte contemporânea, a conferencista tem contribuído com inúmeros artigos para revistas, bem como organizado e realizado diversos eventos, destacando-se o SOUND FOREST Tribute to John Cage. Foi uma das curadoras da exposição Encuentros de Pamplona 72: fin de fiesta del arte experimental, Museu Nacional Reina Sofia, Madrid, 2009-2010. Vive em Barcelona e leciona atualmente na Universidade de Gerona.

Todas as atividades da exposição são gratuitas e abertas ao público em geral. O público deverá fazer sua inscrição na FVCB pelo telefone (51) 32281445 ou email info@fvcb.com , de segunda a sexta , das 14 às 18h. Serão fornecidos certificados às pessoas que assistirem a mais de quatro encontros.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ponto de Encontro

Foto: QUEB

Ponto de Encontro: o ponto de vários encontros



O Café Bertoldo surge no universo das artes cênicas da capital gaúcha como uma conseqüência. É o resultado da superação de um tempo em que, tirando Bailei na Curva, não havia espetáculo teatral que completasse mais de dois anos em temporadas de sucesso. Uma época em que o espectador ia ao teatro, mas não ficava surpreso se a sessão fosse cancelada por falta de público mínimo. Um tempo em que os programas eram impressos em xerox e que muitos atores só o eram aos finais de semana, deixando os demais dias para o trabalho. Hoje, teatro é trabalho em Porto Alegre e pode-se ir assistir a um espetáculo local sem medo de voltar, seja ele apresentado no Theatro São Pedro ou no Câmara, no Arena ou no Gasômetro, no Cais do Porto ou no Sesi. As produções daqui, principalmente a partir da metade dos anos 90, aumentaram em número e em números. Os valores agora são mais altos, as fichas técnicas mais qualificadas, os projetos mais pretensiosos. Há peças estudantis das graduações em dança e em artes cênicas e também dos muitos cursos de formação. Há espetáculos de companhias antigas e também de grupos com menos tempo de trabalho organizado. Há quem faz teatro há trinta anos e quem estréia na sua primeira montagem. A cobrança de qualidade é a mesma e é alta: cobra quem vê, cobra quem faz, cobra quem gosta de Porto Alegre.

O condomínio das artes cênicas, nesse contexto, ganhou, em março desse ano, uma sala de reuniões. O Café Bertoldo é aberto ao público, mas é, antes de qualquer coisa, a Casa dos Artistas Cênicos de Porto Alegre. Em qualquer dia da semana, é só subir a Rua Garibaldi, seja pelo Floresta, seja pelo Bom fim, seja pelo Centro, no prédio da antiga Escola Argentina, haverá por lá algum ator, atriz, bailarino, artista circense, produtor, iluminador a discutir teatro, música, televisão ou qualquer outra coisa que interesse ao seu trabalho e ao ser prazer. Na descida de quem vem do Moinhos, projetos vão sendo estruturados, textos sendo sugeridos, idéias brotando, arte nascendo. Não se paga para entrar e também não custa nada olhar o cardápio oferecido: bebidas, pizzas, quiches, escondidinhos, tábuas de frios... Livros espalhados, sofás, poltronas e um mini palco. Fora a programação constante, não custa levar um violão e começar a cantar. Ou aplaudir quem se aventura. Fazer novos amigos, estabelecer contatos, conhecer.

O nome veio também em conseqüência de um motivo teatral. Zé Adão Barbosa, diretor de teatro há mais de três décadas e professor conhecido e sugerido da capital gaúcha de mais de uma geração, havia sido convidado, em novembro último, a cantar no elenco de Cabarecht, espetáculo dirigido por Humberto Vieira com músicas de Kurt Weil e Bertholt Brecht. Esse ano, esse mesmo espetáculo encerrará o 17º Porto Alegre em Cena, mas não encerrará o Ponto de Encontro do Festival, que também não o abriu. Entre 8 e 26 de setembro, é para o Café Bertoldo, administrado por Jeffie Lopes e por Fejão, que vão os atores, os técnicos, os públicos das 69 peças da programação. Desde já, no entanto, o lugar já é destino desse público que só tende a crescer pelos sem número de espetáculos em cartaz na cidade durante o ano inteiro. Desse encontro de espetáculos, de programações, de artistas e de públicos, certamente, se prevê que, o que um dia foi conseqüência, então, virará causa.

A causa de muitos e mais projetos a orgulhar nossa cidade e quem nela mora, quem a visita e quem a descobre como a um pôr-do-sol que nunca acaba.



*

Café Bertoldo:
Rua Garibaldi, 853 - Porto Alegre - RS - 90035-051
Fone: (51) 3029.9292
e-mail: casadeteatropoa@casadeteatropoa.com.br
Horário de Funcionamento: 2ª f - a partir das 14h. 3ªf a dom - a partir das 9h. Aberto todos os dias até o fim da noite.
Serviço de Bilheteria

Venda de Ingressos:
de 29 de agosto a 26 de setembro
Usina do Gasômetro
Av. Presidente João Goulart , 551. Centro.

29 de agosto - das 8h às 20h
30 de agosto a 7 de setembro - das 10h às 20h
8 a 26 de setembro - das 12h às 18h

Preço:
R$ 20,00

Observação: Se houver ingressos disponíveis, a bilheteria funcionará também no teatro específico, uma hora antes da apresentação.

Descontos 50%
Estudantes, professores, classe artística, Clube do Assinante ZH (titular e acompanhante), funcionários da Prefeitura*, clientes e força de trabalho da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, clientes Zaffari/Bourbon**, clientes da NET mediante apresentação da fatura, funcionários da NET*,funcionários da BRASKEM*, funcionários das Lojas Colombo* e pessoas com mais de 60 anos.

*mediante apresentação do crachá

**mediante apresentação do cartão

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Palavras do Coordenador Geral


Novo de Novo

Chegamos à décima sétima edição do festival, dezessete anos de pura adrenalina, número que explica, parcialmente, a trajetória ascendente e consolidada do “Em Cena” no panorama das artes cênicas do Brasil. Ao longo do tempo, com efeito, aprendemos a fazer um festival de teatro atendendo a todas as demandas das partes envolvidas - com presteza, respeito e vontade de acertar. Não só os grupos convidados são merecedores da nossa atenção. Também o público e a classe artística local são alvos da nossa atenção. Ano após ano, queremos aprimorar a prestação de serviços para que todos saiam satisfeitos, nossos convidados e nossa plateia crescente. Apenas a longevidade não explica, porém, a empatia e o espaço conquistado pelo festival no coração dos gaúchos. Porto Alegre, a cada ano, responde com mais entusiasmo à nossa convocação. Aos patrocinadores fiéis, somam-se anualmente, para nossa alegria e alívio, novos parceiros – o que permite que a programação cresça e ofereça espetáculos cada vez mais requintados e surpreendentes. Sempre com o suporte da Secretaria Municipal de Cultura, e sob a descrença de muitos, conseguimos consolidar um evento de porte internacional na nossa amada capital.

A receita de um bom festival é sempre a mesma: misturar tradição e modernidade, nomes consagrados com talentos emergentes, espetáculos precedidos de críticas elogiosas com obras praticamente desconhecidas da crítica, produções grandiosas com trabalhos de simplicidade comovente, teatro, dança e música, tudo misturado sem preconceito de nenhuma espécie. A qualidade e a provocação artística ainda é o mote que nos leva a ter um entusiasmo crescente com o festival. Tantos anos depois, não estamos cansados, desgastados, fazendo o festival por obrigação ou para ganhar um salário no final do mês. Continuamos a fazer o “Em Cena” com gás de adolescente para conectar o mundo a Porto Alegre e Porto Alegre ao mundo. Muito mais do que um desfile de boas atrações, o festival é hoje um cartão-postal da cidade, a mostrar nossa inquietação, vocação e preparo para receber e realizar grandes eventos. E é isso que assumimos sem temor: o risco de realizar um evento de repercussão internacional. Ousando. Arriscando. Propondo.

Durante esse período, sempre houve vozes discordantes em relação à necessidade de um evento anual dessa grandeza, tentando negar o óbvio, relativizando a importância local de recebermos aqui os maiores nomes da cena contemporânea. Esses, por indiferença ou por miopia, querem patinar na mesmice e na estagnação. Discordei e discordo cada vez mais, ainda hoje, dessa visão. Talvez não se dêem conta da importância de ver, ao vivo e a cores, algumas das produções mais incensadas da cena mundial, confortavelmente sentados nas poltronas dos teatros porto-alegrenses. Talvez se sintam desconfortáveis, reconhecendo a repercussão conseguida pelo festival. Mas basta olhar para ver: há toda uma geração de criadores cênicos que começou a trabalhar depois do “Porto Alegre em Cena”, recebendo a influência direta dessa programação de excelência em suas próprias histórias de vida. O público, por sua vez, elevou seu padrão de exigência e de expectativa. Todos nós, ao termos acesso a esses espetáculos, nos transformamos como cidadãos e artistas, nosso padrão estético se transforma, nosso gosto se depura e, claro, a produção local reflete tudo isso. Esse é um dos aspectos mais importantes do festival. Mas há outros, relevantes e fundamentais: apostar num preço muito abaixo do mercado - facilitando o acesso de todos à programação oferecida, levar espetáculos a todas as regiões descentralizadas da cidade, oferecer oficinas, palestras e debates de altíssimo nível, gratuitos, incrementar o fluxo turístico de Porto Alegre são motivos de orgulho e que complementam as ações oferecidas pelo festival.

O que gosto mesmo é quando o público, embevecido, vem nos cumprimentar e agradecer. Aí me dou conta da verdadeira importância do “Em Cena”. Aí tudo vale a pena. E me dou conta de que a grande novidade, respondendo à pergunta infalível que a imprensa me faz a cada edição, é essa: temos espaço totalmente consolidado no circuito dos grandes festivais mundiais, não precisamos mais sonhar em ver espetáculos de primeira grandeza visitando nossa cidade - pois eles já nos visitam, sabemos atender as demandas técnicas mais exigentes dos melhores grupos do planeta, há pessoal qualificado em Porto Alegre fazendo um festival exemplar. E é assim, agradecendo a confiança do Sérgius Gonzaga e da Ana Fagundes, que comandam a SMC, e a equipe que, todos os anos, realiza o “Porto Alegre em Cena” - com dedicação, entusiasmo e perseverança, que encerro o meu depoimento, desejando a todos que elejam o “seu” festival de acordo com seus gostos e preferências. Há de tudo para todos: teatro, dança e música pra deixar a cidade mais feliz e encantada, muito além do período em que acontece o festival.

Que venham as filas, as lotações esgotadas, o entusiasmo febril, a correria, o encantamento, as críticas e as discussões: o “17º Porto Alegre em Cena” vai abrir todas as suas cortinas. Aproveitem!

LUCIANO ALABARSE
Coordenador Geral

terça-feira, 6 de julho de 2010

Abertura


Petrobras, Braskem e NET apresentam
17º Porto Alegre em Cena


O Porto Alegre em Cena chega a sua 17ª edição com a excelência que faz dele um dos maiores festivais de teatro do mundo.  Alguns dos mais incríveis encenadores e artistas estarão reunidos na cidade em setembro: Bob Wilson, com sua montagem de “Happy Days”, de Samuel Beckett; o lituano Eimuntas Nekrosius apresentando, de Dostoievski, o célebre romance “O Idiota”; Ute Lemper cantando um repertório escolhido a dedo, em que figuram desde os clássicos do cabaret alemão até Nick Cave; Goran Bregovic e sua incrível orquestra num repertório báltico desbravador; “Antígonas”, uma montagem argentina estrelada pela grande Ingrid Pelicori; a cantora portuguesa Maria João e o pianista Mário Laginha, juntos, no lançamento de “Chocolate”; Enrique Diaz com a premiada “In on It”; os gaúchos Paulo José, e a sensível encenação de “Um navio no espaço ou Ana Cristina César”, e Gilberto Gavronski, com “Dona Otília e outras histórias”, de Vera Karam; Adriana Calcanhotto e Marcelo Jeneci, com “Partimpim Dois” e “Feito para acabar”; citando alguns exemplos internacionalmente conhecidos. O festival, que acontece entre 8 e 27 de setembro,  reúne ainda o melhor da produção local em um conjunto de dez espetáculos que concorrem ao já tradicional Prêmio Braskem Em Cena. A cerimônia de entrega dos prêmios deste ano traz a participação de um dos grandes espetáculos gaúchos na temporada 2009: “Cabarecht”, de Humberto Vieira.

Realizado pela Prefeitura de Porto Alegre, com a parceria das empresas Petrobras, Braskem e NET, que apresentam o festival, mais a Caixa, a Multiplan - BarraShoppingSul e a Cia Zaffari, que completam o time de patrocinadores, o Em Cena ganhou grandes proporções e muita credibilidade ao longo das dezesseis edições anteriores, tornando-se um dos principais eventos do gênero no Brasil. Projeta-se mundo afora graças à qualidade e à diversidade de sua programação. Japão, França, Lituânia, Portugal, Espanha, Suíça, Alemanha, Itália, Venezuela, Argentina e Uruguai são países que se fazem presente nos palcos gaúchos nesta edição. Amazonas, Ceará, Pernambuco, Tocantins, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná são os estados brasileiros representados com espetáculos este ano.    

Mais uma vez, o Projeto de Descentralização levará espetáculos a todas as regiões periféricas da cidade, como uma iniciativa consolidada na grade do festival, levando arte e cultura para essas comunidades. As atividades formativas também enriquecem e dão organicidade ao festival. São oficinas abertas ao público interessado, gratuitas, com renomados atores, diretores, professores, figurinistas, cenógrafos, iluminadores, enfim, todo o universo de pessoas ligadas às artes cênicas. O Ponto de encontro do festival, nesta edição, prioriza o encontro de artistas potencializando atividades e troca de idéias. O local escolhido para esta agradável atividade foi o recém aberto Café Bertoldo, da Casa de Teatro de Porto Alegre.