sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Camilo de Lélis: o encerramento


Foto: Vilmar Carvalho

Blog do Poa em Cena - O sentido do discurso


A minha colega de trabalho – que é espectadora de teatro - me disse: “achei muito legal o blog do Poa em Cena pela possibilidade do diálogo entre os leigos e os profissionais da área”. Assim também me parece. O blog foi uma tribuna em que muitos puderam ocupar o púlpito que, normalmente, é destinado a apenas uma pessoa ou poucas. Isso possibilitou a melhor das descobertas: temos inteligência viva e diversificada nas artes cênicas da grande Porto Alegre.

Saber expressar o pensamento em palavras escritas é um exercício excelente para se organizar as próprias ideias e assumir a responsabilidade pela opinião manifestada, pois que, estando grafada, ela não se perde como palavras ditas ao vento, quando sempre se pode negar o que se disse. Penso que faz falta no nosso ambiente teatral – falta a ser suprida durante o ano todo e não apenas esporadicamente como é o caso do Festival Poa em Cena – uma conversação entre os profissionais das artes cênicas. Isso traria à baila o pensamento crítico necessário para democratizar muitas coisas que nos parecem impositivas ou que discordamos por um ou outro motivo.

Precisamos arejar a discussão, não basta culpar uma pessoa, ou grupo, por discordar do pensamento dominante em termos de organização e controle na vida cultural de nossa cidade. É muito simplificadora a visão de que uns fazem, outros reclamam. Há circunstâncias sócio-políticas na produção da cultura. Há também vicissitudes, concretas ou subjetivas, experimentadas pelos sujeitos que produziram e produzem arte; há histórias pessoais envolvidas, e isso deve ser levado em conta pela comunidade.

A razão sensível, que acolhe a necessidade de reconhecimento como o móvel principal do discurso artístico, deverá se impor à razão instrumental, que preconiza apoio apenas ao mais forte, articulado e esperto, sempre a levar vantagem em tudo. Sei que este pequeno discurso passará batido para a maioria que o ler, por não fazer sentido... E o sentido é tudo na vida. O sentido, porém não está posto, se constrói. O sentido do discurso, para que seja unidirecional e caudaloso, tem de agregar em sua correnteza os diversos afluentes, de outros cursos e outros sentidos.

Enfim, achei muito promissor o blog do 17° Poa em Cena. E, para você, colega, fez sentido?

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Camilo de Lélis, diretor de teatro, entre seus trabalhos destacam-se: O ferreiro e a morte, Macário, o afortunado, O estranho Senhor Paulo, A bota e sua meia e Mehrda, presidentas que foram agraciados com o Troféu Açorianos da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre em várias categorias. Seus trabalhos foram vistos em circulação por quase todo Brasil. No exterior, destacam-se as apresentações de Jacobina e de Mehrda, presidentas em Montevidéu (em 1996 e em 2001, respectivamente) e de O estranho Senhor Paulo em Buenos Aires (1997). A bota e sua meia apresentou-se na Alemanha, em 1998, e em Portugal, em 2003, dentro do Projeto Cena Lusófona. Em 2006, as encenações de Camilo de Lélis foram objeto da monografia Carnaval, encenação e teatro gaúcho, premiada no Concurso Nacional de Monografias Gerd Bornheim. A obra foi publicada em 2007, registrando em livro a contribuição desse encenador para o teatro. Dirige Milkshakespeare, espetáculo participante do 17º Porto Alegre em Cena.

Um comentário:

Alvaro RosaCosta disse...

Faz muito sentido, sim!
Não sei de quem partiu a idéia, mas parabenizo o Rodrigo e todas as pessoas que participaram deste Blog!
ABs, Alvaro.