sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Gilberto Fonseca: o encerramento
Foto: Jorge Scherer
Fim do Porto Alegre em Cena 2010
Acho que vários pontos positivos devem ser destacados e os responsáveis pelo sucesso parabenizados.
Primeiro quero destacar o blog do Em Cena. Não sei se a ideia foi do Rodrigo Monteiro, mas me parece que ele é quem administrava. Gostei demais do que vi e li por lá, além de textos bem escritos, a participação da classe comentando os espetáculos foi bastante produtiva e não deveria ser esse hábito abandonado. Desconheço outro festival que proporcione esse tipo de discussão. Ponto altíssimo da organização do evento (quem sabe tal ideia não vire um livro ou uma revista no futuro?). A equipe técnica do Teatro de Câmara (vou falar deste, pois é onde O avarento se apresentou, mas acredito que os demais tenham mantido a média), nossa produtora de palco, Maura, e o pessoal da produção que entrou em contato conosco (Grupo Farsa) foi sempre claro, atencioso, educado e profissional. Parabéns a todos esses também.
Como aspectos a melhorar ou a serem observados pela direção do Em Cena, chamo a atenção para o pouco público presente em alguns espetáculos do festival. O que teria acontecido? Lembro de que em outras edições os ingressos acabaram mais cedo e mesmo os espetáculos que não tinham lotação esgotada apresentavam bom público. Dessa vez, em pelo menos dois espetáculos que fui, a plateia estava a menos da metade da capacidade do teatro. Em outros, que acusavam ingressos esgotados, sobraram lugares. Ingressos demais distribuidos à gente que não vai? Entendo que haja a necessidade da cota dos patrocinadores, mas não deveriam estes confirmarem se vão ou não e os ingressos que sobrarem serem devolvidos à bilheteria?
Gostaria de destacar e somar forças a ideia de João de Ricardo de que o Prêmio Brasken adotasse outro formato, que a premiação em dinheiro destinada às categorias de ator, atriz, diretor e espetáculo fossem divididas entre os grupos selecionados, aumentando assim o cachê dos grupos locais (que é baixo). Pessoalmente, não entendo a parte competitiva do festival como algo positivo (e isso não é choro de quem não ganhou nada, afinal participamos e participaremos de outros festivais competitivos), pois não acho que isso "case" com o Em Cena, afinal os outros espetáculos participantes (nacionais e internacionais) não competem entre si.
Acho, também, que os responsáveis pela seleção deveriam se pronunciar de alguma forma e justificar, por exemplo, a seleção de um espetáculo tão ruim como Dr. Jeckyl & Mr. Hyde (que foi alvo de severas críticas). Ninguém entendeu como uma peça daquelas estava no Porto Alegre em Cena, sendo que faria feio em qualquer festival de teatro amador.
Sei que é fácil criticar quando não se está diretamente envolvido e não se conhece quase nada do trabalhão que é fazer funcionar um festival tão grande (e importante) quanto esse, mas entendam minhas observações como as de alguém que se orgulha desse evento e o admira muito.
Sinceros parabéns ao Luciano Alabarse, mentor e responsável por tudo isso.
Parabéns à Sandra Dani, homenageada.
A todos da equipe do festival e aos grupos locais, que fizeram bonito e, na maioria dos casos, apresentaram espetáculos tão bons (ou até melhores) que muitos dos convidados.
Que venha logo o próximo Em Cena (estarei na fila desde cedo).
*
Gilberto Fonseca é Mestre em Artes Cênicas e diretor do Grupo Farsa. Dirige o espetáculo O avarento, participante do 17º Porto Alegre em Cena.
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2 comentários:
Parabéns pelo comentário, Gilberto. Vejo o prêmio Brasken como um pequeno osso no meio de uma cachorrada, enquanto entretida em disputar o osso, a cachorrada não oferece perigo...a estratégia é simples e eficiente, dividir para governar. Estes grupos locais sempre foram a pedra no sapato do festival e, com apenas 32 mil reais em prêmios o problema foi resolvido. É tanta miséria que o premio, para não botar 64 mil na caridade social aos nossos artistas, compara ator e atriz com bailarinos, e espetáculo de dança com peça de teatro, e todos concorrem ao mesmo premio. Houve tempos melhores para nós no festival! Mas quem cala, consente.
Existem outras bombas além do "Dr. Jeckyl & Mr. Hyde", que infelizmente não tive a oportunidade de assistir...mas Festival é Festival.
Suscetível a equívocos...Sim!
Abs, Alvaro.
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