Eis que quem é jovem bate o pé dizendo que a música mais legal da banda X é uma nova composição. Alguém vai e bate o dedo no computador e descobre que a mesma música já fora gravada nos anos 80. Ou 40. Ou ontem, mas em outro ritmo. Junção de frases musicais de várias composições. Batidas que se reconstroem. Se a velocidade crescente do acesso à internet apagou, de forma clara e definitiva, os espaços, por que não também reconhecer que apagou ou pode apagar o tempo? Deixa de haver, assim, músicas velhas e novidades, mas canções que atualizam determinadas épocas ou outras, especificidades técnicas ou outras, realidades significativas ou outras. Se o chiado do vinil foi, um dia, uma ausência de opção, hoje, com certeza, é uma alternativa estética bastante rica.
Ute Lemper é um nome atual que não vê fronteiras nas suas escolhas e traz para o agora nada emergente o gosto de novidade às composições já outras vezes paginadas entre suas inaugurações. É alemã, mas mora em Nova Iorque, em plena Big Apple. Conhece e interpreta os clássicos, mas ganha prêmios por suas participações em musicais da Broadway, de West End, de Berlin. É européia, mas se interessa por tangos argentinos. Grava Kurt Weill, mas participa do 17º Porto Alegre em Cena que traz, além de Brecht, Sara Kane, Bernard Marie Koltèz e Dostoievski.
A lista de nomes que constam no repertório de Lemper expressam seu alcance pelo mundo da música: Andrews Lloyd Weber, Marlene Dietrich, Edith Piaf, Tom Waits, Elvis Costello, Philip Glass, Astor Piazzolla, Nick Cave... O Cabaret Alemão, Paris, Manhattan, as ruas de Buenos Aires. Seu espetáculo conta histórias de sua vida, suas próprias composições, além de reunir os nomes que fizeram dessa cantora uma das mais celebradas pelas diferentes culturas que ela mesma explora e que se deixa conhecer. A viagem continua...
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UTE LEMPER – Voz
WERNER “VANA” GIERIG – Piano
TITO CASTRO – Bandoneon
Duração: 1h30min
Classificação: Livre
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