terça-feira, 15 de junho de 2010

O Cantil

O espetáculo “O Cantil” é uma produção da Companhia Teatro Máquina (Ceará/BR) fundada em 2003. É uma direção de Fran Teixeira, que também dirige o grupo desde a sua fundação. Ela é autora do livro “Prazer e crítica: o conceito de diversão no teatro de Bertold Brecht”, que situa o dramaturgo alemão mais importante do século XX como um dos expoentes do teatro épico. Para Teixeira, está no gesto o modo mais fértil de expressar essa vertente artística que, ainda hoje, diz muito para a nossa existência. “O Cantil” é um espetáculo que nasce do texto “A exceção e a regra” escrito por Brecht (1898-1956) nos anos 30 e que trata da relação de dependência entre os dois personagens: o explorador e o explorado. O explorador precisa explorar. O explorado precisa ser explorado. As identidades se constroem a partir de sua relação com o outro e esse é um tema bastante presente hoje sob muitos pontos de vista, sobretudo aqueles ligados à necessidade de ser importante para outrem.

Optando por utilizar uma técnica japonesa de manipulação chamada Bunraku, o grupo cearense que vem, desde 2008 recebendo muitos aplausos do público e da crítica, optou por excluir os bonecos, mas manter a relação de dependência. Dois atores se deixam manipular por outros utilizando vendas nos olhos e o corpo todo coberto. Há alças nos seus punhos, na cintura e na cabeça: o elenco se divide em atores personagens e atores manipuladores.

Um empresário cruza o deserto para acertar um contrato de exploração de petróleo. Com ele seguem um guia, logo dispensado, e um carregador. A simplicidade do roteiro, que se utiliza da primeira parte do clássico brechtiano, se baseia na relação binária: um se subjuga, o outro é subjugado.

Destaca-se, nessa encenação, a visualidade tocante. Os quarenta minutos sufocam o espectador de tantas relações que esse é convidado a fazer com seu próprio meio de se relacionar. Não há uma só palavra nesse projeto todo baseado na corporalidade dos seus intérpretes, no desapego, na confiança plena.


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Ficha Técnica:

Direção: Fran Teixeira

Elenco: Aline Silva, Ana Luiza Rios, Edivaldo Bastista, Jonahthan Pessoa e Levy Mota

Cenografia: Frederico Teixeira
Figurinos: João Zabaleta
Desenho de Luz: Walter Façanha
Trilha sonora original e sonoplastia: Dustan Gallas
Produção: Levy Mota
Realização: Teatro Máquina
Duração: 40min
Classificação etária: livre



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