Ontem no Teatro do Sesc As levianas mostraram em letras garrafais como usar muito bem a linguagem clown para fazer humor nada gratuito. A comédia As levianas em Cabaré vaudeville tinha um endereçamento bem delineado: os músicos. Muitos dos vícios, manias, maneirismos e outros “micos” de palco promovidos por músicos foram objetos das maravilhosas piadas das Levianas: se atrapalhar com o figurino, esquecer as letras, inventar letras de música, ter um repertório curto demais, comer e beber durante o espetáculo, abusar de álcool e usar psicotrópicos, entusiasmar-se demais com sua própria performance, entre outros ridículos que, quem é músico sabe, são recorrentes. O repertório genial começa com uma divertidíssima interpretação do famoso standard de jazz Call me irresponsible, e leva o público a um passeio muito bem humorado por temas que ficaram famosos na voz das grandes divas. Canções lindas como Dream a little dream of you, My babe just cares for me, Je ne veux pas travailler são parte deste teste de voz a que Mary Ann, Baju, Aurhelia e Tan Tan se submetem, até que as cantoras palhaças cansam de não conseguir agradar e assumem seu lado rock, rap, pop, é claro, brega, chegando ao clímax total na homenagem a Sidnei Magal. As Levianas mostraram domínio perfeito da linguagem musical e teatral e de suas combinações. Simplesmente não tem como não rir muito de As levianas em Cabaré vaudeville e possivelmente ir para casa cantarolando um dos vários sucessos que elas tocam. Eu estou até agora cantando I love to love, but my babe just loves to dance. Parabéns a Cia. Animée e a este querido elenco com Enne Marx (Mary Enn), Juliana de Almeida (Baju), Nara Menezes (Aurhelia) e Tamara Floriano (Tan Tan).
* Luciano Medina Martins é jornalista
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