Devolução industrial*
Uma surpresa atrás da outra, assim eu definiria as quase duas horas que me consumiram entre a expectativa, a apresentação e o encerramento do espetáculo.
Eram 16 horas de um domingo maravilhoso e o teatro estava cheio, que bom! Para eles, para o festival e para nós! A peça aborda a evolução da raça humana e seus progressos industriais e suas descobertas que se tornam também as nossas durante o espetáculo.
Deus (?) está lá presente com seu sopro divino nos mostrando como tudo começou: dos seres unicelulares até sermos apresentados ao “Homo Sapiens” e à “Mulher Sapiens” que também se apresentam e se descobrem. Partindo dali para um um universo de situações onde os personagens: Cantam, plantam, colhem, descobrem, brincam, cozinham e utilizam as máquinas inventadas/descobertas das formas mais interessantes possíveis.
Circo Teatro Udi Grudi –O nome desse Grupo com 28 anos de trajetória que veio de Brasília (DF): O Teatro já havia nos sido mostrado na entrada: Cenografia, luz, figurinos, adereços cênicos, três competentes atores, tudo na medida. O Circo nos foi passado em pequenas e grandes doses de Clown, malabares, mágica (ilusionismo) como preciosas ferramentas no auxílio da narrativa, tornando o espetáculo lúdico e encantador também aos olhos das crianças.
Fazia muito tempo que eu não via a cenografia de uma peça ser tão bem feita/executada/(re)utilizada, tudo sendo “descoberto”, transformado diante de nossos olhos: água, fogo, terra e ar!
Entre muitas coisas que esse "BIG BEN" nos mostra está: Um trenzinho que dá vontade de voltar a ser criança , um banco que transforma-se em disputa, em dificuldade, em edifício. Um instrumento simples que torna-se musical pela “engenharia”, e o instrumento próprio do ser: A voz! Em frases, grunhidos, imitações e cantares.
No final, os cinco sentidos da plateia sendo explorados (e porque não o sexto?): Visão (cenografia/figurinos) , tato (toque dos atores no público/interação), audição (vozes afinadas e instrumentos deliciosos de ouvir) Olfato ( o cheiro bom da sopa sendo preparada) e o paladar ( a sopa foi servida, bom apetite!).
É a terceira vez que eles vêm para Porto Alegre, um prato bom, a gente sempre quer repetir, não é mesmo?
P.S.: Não sabia que nós Gaúchos (pelo menos o público desse dia) era tão relutante em participar e interagir com os artistas, eles tiveram que insistir um bocado para que um adulto e duas crianças fossem ao palco participar.
* Luís Carlos Pretto é ator e diretor teatral
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