Histórias de amor líquido*
"São três histórias de amor líquido. Três histórias que Walter Daguerre criou inspirado pela obra de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês com mais de cinquenta livros publicados, a maioria abordando a falta de contornos definidos nas relações humanas, a existência líquida, o trabalho líquido, amizades líquidas, amores líquidos. Nesta aventura, vamos compartilhar a concepção de Bauman sobre o amor que não consegue ter vínculos sem se sentir aprisionado, essa impossibilidade de avaliar com maturidade um relacionamento, imaginando sempre que devemos estar perdendo alguma coisa melhor".
Este fragmento, extraído do programa da peça e escrito por Paulo José, copiei do blog de Lionel Fischer (critico e professor de teatro) pois não tive acesso ao programa. Sim, li algumas críticas sobre este espetáculo antes de escrever meu comentário, pra ver se eu tinha entendido o que vi no Teatro do CIEE dia 15 de setembro de 2011, dentro da programação do 18° Porto Alegre Em Cena. E realmente discordo de tudo que li. Linguagem de novela, tudo bem superficial. Três histórias diferentes com a mesma relação. Na primeira, da Rua sem saída, o guarda noturno e uma mulher com o mesmo problema de insônia se encontram ao lado de uma das cancelas da rua num clima taciturno. Conversam pouco e acabam se identificando pelo mesmo motivo, a perda de um grande amor. Na segunda história, da Corretora, o amor é mais obducto. A consultora de relacionamentos amorosos chamada Maritza, é convidada por um empresário ambicioso a reestruturar a imagem de um jogador de futebol, estereotipado, como sempre, de burro, que está sendo acusado de matar uma jovem num acidente automobilístico. E por fim, A casa da ponte. Ricardo e Sofia estão na casa de campo que Ricardo herdou dos pais. Com a vida útil das baterias dos aparelhos eletrônicos no zero, eles resolvem conversar e refletir sobre o relacionamento aberto do casal.
A projeção usada para fazer o cenário ao fundo foi o que mais me encantou, aliás, acabou tirando o foco das conversas em vários momentos, eu prestava mais atenção na ponte projetada ou nas câmeras filmando ao vivo os atores do que no texto em si.
O espetáculo não atingiu, em mim, o que li em outros comentários. Talvez não tenha entendido esta linguagem mais parecida com uma novela. Conversas no celular a todo o momento, marcações certinhas. A cada troca de cena parecia que viria o intervalo comercial. Se tratando de Paulo José, esperava mais.
* Iuri Wander é produtor cultural
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