Brasil parecia uma mistura de teatro com performance de
dança e vídeo. Com uma grande atriz argentina que mais uma vez mostrou a força
da interpretação de nossos vizinhos. Em um tom coloquial, Maria Ucedo conta
passagens “reais” de sua vida em um palco quase nu: quase porque um imenso puff
divide o palco com a atriz, objeto aliás pouco utilizado, mas que mesmo assim
ajuda na demonstração da solidão em que vivi, pois buscou a personagem. O palco não inicia vazio, quase meia centena
de ovos brancos espalhados pelo palco preto nos oferecem uma falsa impressão do
que será a peça/performance. A atriz então dança desviando dos ovos, depois se
acosta com eles, reúne-os numa bela coreografia no solo e finalmente os choca! A
partir dai o ritmo muda vertiginosamente: vídeos com paisagens virtuais,
“chapas” da arcada dentária da atriz, música eletrônica alta, mais dança,
cansaço e o descanso merecido no citado puff. A peça encerra com a atriz
cantando uma versão em espanhol, feita por ela mesma de uma música do Arnaldo
Antunes promovendo uma bela troca entre artistas “hermanos". Mais uma bela
oportunidade oferecida pelo festival para que conheçamos o bom teatro argentino
contemporâneo.
*Plínio Marcos Rodrigues é ator
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