sábado, 8 de setembro de 2012

Snorkel por Marcos Chaves

Saudações à "Mostra de teatro contemporâneo uruguaio” do Porto Alegre Em Cena. Na sala Álvaro Moreyra: Snorkel. O texto informado sobre o espetáculo antecipa que a montagem “se debruça sobre os ‘deserdados da terra’ e suas misérias”. Ainda que “na peça, esse universo de drogas baratas, prostituição, corrupção e violência pede a todos que coloquem um ‘snorkel’ (o aparelho de mergulho que dá visibilidade em águas profundas, permitindo respiração em meio adverso) para garantir sua sobrevivência”. A sinopse faz um bom panorama, Snorkel, texto de Frederico Guerra, propõe mergulho no submundo.
Abordado de diversas maneiras nas últimas décadas no teatro e no cinema, o tema já fora visto ou retratado aos espectadores de uma forma ou outra (nem que seja em visão pedagógica). Fato que não é positivo nem negativo, talvez um desafio a mais a todos os grupos que investem na questão. A montagem uruguaia traz diversos pontos, todos circulam os espectadores dividindo aproximação e distanciamento. A direção de Bernardo Trias opta por um ambiente escuro, iluminação baixa e um longo blackout durante a peça, intercalado por um programa de televisão que discorre a temática mostrando traços irônicos e de humor através da sátira.
Os pontos da peça, histórias cruzadas, dialogam entre si. O desenvolvimento do espetáculo próximo do realismo fica em segundo plano frente a cenas simbólicas ou que evidenciam o fazer teatral. A cena que retrata a morte através da personagem Raquel (com impecável atuação) é um bom exemplo, uma mistura poética onde todos os atores deliciam a plateia com um belo uníssono cantado.

*Marcos Chaves é ator e criador de trilhas sonoras

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