Saudações à "Mostra de teatro
contemporâneo uruguaio” do Porto Alegre Em Cena. Na sala Álvaro Moreyra:
Snorkel. O texto informado sobre o espetáculo antecipa que a montagem “se
debruça sobre os ‘deserdados da terra’ e suas misérias”. Ainda que “na peça,
esse universo de drogas baratas, prostituição, corrupção e violência pede a
todos que coloquem um ‘snorkel’ (o aparelho de mergulho que dá visibilidade em
águas profundas, permitindo respiração em meio adverso) para garantir sua
sobrevivência”. A sinopse faz um bom panorama, Snorkel, texto de Frederico
Guerra, propõe mergulho no submundo.
Abordado de diversas maneiras nas
últimas décadas no teatro e no cinema, o tema já fora visto ou retratado aos
espectadores de uma forma ou outra (nem que seja em visão pedagógica). Fato que
não é positivo nem negativo, talvez um desafio a mais a todos os grupos que
investem na questão. A montagem uruguaia traz diversos pontos, todos circulam
os espectadores dividindo aproximação e distanciamento. A direção de Bernardo
Trias opta por um ambiente escuro, iluminação baixa e um longo blackout
durante a peça, intercalado por um programa de televisão que discorre a
temática mostrando traços irônicos e de humor através da sátira.
Os pontos da peça, histórias
cruzadas, dialogam entre si. O desenvolvimento do espetáculo próximo do
realismo fica em segundo plano frente a cenas simbólicas ou que evidenciam o
fazer teatral. A cena que retrata a morte através da personagem Raquel (com
impecável atuação) é um bom exemplo, uma mistura poética onde todos os atores
deliciam a plateia com um belo uníssono cantado.
*Marcos Chaves é ator e criador de trilhas sonoras
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