quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Iuri Wander #3: EGO-tik



Foto: Mariano Czarnobai / PMPA

Encantador


EGO-tik, sem dúvida nenhuma, é um dos melhores espetáculos que vi neste festival. Isso que já assisti a dezoito. E esse nem estava na minha lista. Fui pelas indicações de quem viu no primeiro dia e se encantou.

Texto, coreografia e interpretação de Asier Zabaleta. O espetáculo é uma autobiografia e já foi apresentado em diversos países com boa aceitação.

Não sou coreógrafo. Não sou bailarino. Não sou ator. Não sou diretor. Não faço teatro! Também não sou crítico. Sou apenas um espectador expondo minha opinião. Por isso, não tenho uma visão técnica. Vejo exatamente o que o artista quer passar para o público em geral (ou não). E, neste espetáculo, Asier consegue atingir seu objetivo tocando o maior numero de pessoas possível. Alguns saem chorando, outros inquietos, uns se identificam com a solidão do personagem em cena. Acredito que algumas pessoas ligadas ao teatro e com visões mais técnicas percam (às vezes) o sentido da beleza passada no palco e prestem mais atenção nos detalhes de movimentação, de luz, som, figurino, etc, não se deixando tocar pela apresentação. É claro que tudo é importante, mas pequenos erros são irrelevantes.

O espetáculo consiste única e exclusivamente da individualidade do homem. A fragilidade, a insegurança, o medo, a solidão de cada um. A originalidade dos movimentos, quebradas de articulações. O processo dos tijolos que, de cama de faquir até virar uma prisão, passa por aste para caminhar no infinito, se torna pedestal para a glória e, por fim, vira a repressão solitária. A utilização dos vídeos: tudo é encantador e marcante. Em vários momentos, me identifiquei com o personagem e acredito que muitas pessoas também. Por isso, saem tão tocadas.

Uma pena que, no bate-papo, na Casa de Teatro de Porto Alegre, com Asier Zabaleta, tinha poucas pessoas. Muitos perderam a chance de conversar e ver de perto este gênio da expressão corporal e seu carisma. Pessoas que perderam a conversa dizem que o bate-papo estava mal divulgado. Está na grade de programação de todas as 15 mil revistas espalhadas pela cidade! Oportunidade única que pessoas que se interessaram pelo trabalho do artista perderam ao se deixar levar pela preguiça de sair de casa, num feriado, um pouco antes do seu chimarrão na Redenção.


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Iuri Wander é comerciante.

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