quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Relato: Reglas, usos y costumbres en la sociedad moderna
Foto: Mariano Czarnobai / PMPA
O encontro resistiu.
Tudo pronto para o espetáculo começar no segundo dia previsto. Público sentado, ator preparado: Reglas, usos y costumbres em la sociedad moderna é mais uma peça na programação teatral do 17º Porto Alegre em Cena, o maior evento do gênero teatral do planeta. Em dez minutos de apresentação, cai a luz. A luz do palco, do teatro, da rua inteira. A Rua da Praia ou Rua dos Andradas. O Teatro do Museu do Trabalho. Sobre Gerardo Begérez, o artista.
Nada além pára. As movimentações continuam sendo feitas. O ator continua em cena a construir o projeto que vem sendo motivo de muitos aplausos na Europa e aqui. Os técnicos entram discretamente, a produção permanece na retaguarda disposta a tentar resolver o problema sem ser um problema a mais. Quem mora em Porto Alegre sabe que a solução vem tardiamente. O espetáculo tem uma hora de duração e, diante dos quarenta minutos que restam, cabe esperar para ver o que fará o público, o que fará o ator: de cada lado, o encontro teatral. Ambos continuam fazendo teatro.
Gerardo Begérez não parou. O público também não. À luz das velas acesas cenicamente e de uma fraca luz de serviço, o espetáculo continuou e foi até o fim. Cai a tecnologia, os milênios cristãos, fica o encontro, o teatro, a força de quem não se opõe às adversidades, embora previna-se contra elas.
Palmas para o público que permaneceu e, só depois, foi tomar conhecimento de que a questão era da ordem pública e, não, da organização do Festival. Palmas ao ator que é ator no mais sublime significado da palavra. Ambos honram nossa cidade, nesses momentos, não merecedora da gente que tem e da gente que a visita.
Palmas.
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