sábado, 18 de setembro de 2010

Marco Rodrigues: Pedro Abrunhosa e Comitê Caviar



Foto: Mariano Czarnobai / PMPA

“Que as pontes nunca caiam entre nós”

Quando me convidaram, através do POA em Cena, para fazer uma crítica sobre o espetáculo de Pedro Abrunhosa fiquei, primeiramente, muito lisonjeado e feliz. Depois, meio receoso com tal tarefa de analisar um artista de renome internacional, vencedor de disco de ouro e tudo mais. Criticar é sempre uma palavra forte, gosto de usar a palavra impressão. Qual a impressão que o espetáculo me passou?

“Domínio” esta é a primeira impressão que Pedro Abrunhosa me passa. Alguém que entra no palco como se estivesse na sala de sua própria casa, um artista que domina por total a plateia, a voz e o piano, acompanhado pela banda Comitê Caviar que é um personagem a mais que ilumina como eles mesmos cantam no espetáculo. Dono de uma voz, por vezes, cortante e cheia de ROCK and ROLL e, em outras vezes, suave e delicada nos momentos “miau” como ele mesmo brinca com a plateia. Pedro Abrunhosa é carismático e muito simpático com uma platéia que, mesmo demorando um pouco, acabou se rendendo. Levantaram, cantaram e dançaram ao som de suas baladas.

Os ritmos variados entre Rock, Jazz e Funk são muito bem vindos com solos de guitarra precisos de Marco Nunes e Paulo Praça, além de uma bateria vibrante de Pedro Martins, combinando acordes suaves de Claudio Souto e um baixo leve de Miguel Barros. A banda Comitê Caviar dá o tom do espetáculo de forma não deixar ninguém parado.

Um outro personagem a parte para mim, foi a iluminação, que ambientaliza de forma envolvente o espectador que não tira o os olhos do palco e, por vezes, é até hipnotizado nas nuances do espetáculo.

Fico ao final de tal experiência, já que meu ofício é coreografar e dançar e, infelizmente, nunca fui bom no canto, nem com instrumentos, com vontade de ir ao uma loja e comprar um cd de Pedro Abrunhosa. Que ele possa, sim, voltar outras vezes a nossa terra. E que essa frase de uma música dele se repita eternamente: “Que as pontes nunca caiam entre nós”.

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Marco Rodrigues é bailarino, coreógrafo, professor e diretor artístico. Iniciou seus estudos em dança na cidade de Porto Alegre em 1992. É formado em Educação Física pela Unisinos e possui Pós Graduação em dança pela PUC. Aperfeiçoou seus conhecimentos em Dança de Rua, com grandes nomes da dança nacional e internacional como: Cirino, Octavio Nassur, Edson Guiu Brasil. Mr Wiggles, Caleaf, Gans, Buddha Strech, Link Jr Boogaloo, Don Campbell /USA, Danielle Balde/ Itália, Hiro / Japão, Richard Mpassi, Tony Mascot, Fox / França, Cirino, Octavio Nassur, / Brasil, entre outros. Criou o Escravos do ritmo, em 1995, em que começou a desenvolver coreografias de grupo, além de aperfeiçoar o método de ensino. É criador do espetáculo My house, ganhador do Prêmio Açorianos de Dança 2009 de melhor coreografia e melhor espetáculo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sem nenhum demérito, apenas expressando a impressão de quem nunca tinha ouvido falar de Abrunhosa, posso dizer que para mim ficou um misto de Ney Matogrosso vestido, com a careca do Herbert Vianna, a voz do Zé Ramalho, cantando uma mistura de rock com blues, tudo isso com um forte sotaque português. Valeu à pena ter conhecido essa figura ímpar, sem dúvida, ainda que, por vezes, sua identidade musical não fique clara.