quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Eva Schul: Solo brumas
Foto: Ivo Gonçalves / PMPA
Solo brumas: a naturalização do monstruoso
A obra é interessante, fala da não existência, não da exclusão ou do desperdício e, sim, de estar sem existir. Discute sobre velhice, morte, suicídio, desgraças cotidianas, sem mudar as atividades do dia a dia, ou seja, coisas sem valor real. Uma vida artesanal, sem nenhuma mecanização, simples como o mais simples dos homens, fala de vidinhas sem importância.
A ideia é de um genocídio anônimo, secreto não somente das criancinhas, mas, sim, de uma marginalização do ser humano anônimo. Denuncia a cotidianidade, a alienação, a sobrevivência sobrepujando o viver. Vidinhas que servem apenas para colaborar com o sistema para limpar certos setores da sociedade. A naturalização do monstruoso.
Num ambiente opressivo, a depressão se instala, a iluminação coopera com a depressão criando momentos de fria luz violência e outros de luz mais expressionista com a iluminação artificial fluorescente. Uma montagem em que a depressão ao invés de nos levar a um estado indignado, nos conduz ao tédio em língua estrangeira. Não sei se pela língua ou pela reduzidíssima movimentação numa obra de muito texto (aliás, para que serviu o coreógrafo?), me parece que os atores não valorizam as boas ideias do autor.
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Eva Schul é coreógrafo.
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