sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Simone Rasslan: Goran Bregovic

Foto: Creative

Goran Bregovic - Celebração!

Vinte uma horas. Aplausos pedindo o começo do show. O público ansioso pra receber o iuguslavo Goran Bregovic em Porto Alegre. Ele, que já não é um desconhecido desses pagos (já esteve aqui noutra
edição do Em Cena), organizou uma festa pros gaúchos! Vejam como foi:

Entra no palco um quarteto de cordas afinadíssimo, composto por três mulheres e um homem. Todos com suas partituras executando música contemporânea. Tudo muito lindo e perfeito…Opa! Sai da plateia o naipe
de metais, duelando com as cordas. Elas, com tratamento erudito e os metais trazendo a “rua” com seus vibratos próximos ao da voz cigana. Assim que eles se acomodam, um coro de cinco homens, (ou seis, não
importa, pois cantavam como cem!) elegantérrimos dentro de seus ternos pretos e gravatas borboletas, começam uma canção “quase” sacra! Vozes eruditas. Baixos profundos! Em contraponto ao coro masculino, as vozes Búlgaras. De novo a “rua”. Nunca o termo uníssono foi tão bem usado! Casamento perfeito de
voz que só o grau de parentesco ou uma relação muito íntima pode proporcionar. Ludmila Radkova-Trajkova e Daniela Radkova-Aleksandrova assumem a responsabilidade de enfeitar o espetáculo com suas cores e com seus timbres tão peculiares.

O nome do espetáculo: Alkohol!!

Bem, tudo lindo, mas pode ficar melhor! Entra o bonitão Alen Ademovic. Ocupa seu posto o multi instrumentista, cantor-sedutor, sentadinho logo na frente, dividindo o centro do palco com o comandante desse barco, Goran Bregovic que vem todo de branco, mas…de sapato vermelho! Goran, armado de sua guitarra e de um computador de onde dispara bases pré gravadas, se limita a sorrir e celebrar o som que criou com seus amigos. Sempre sentado, quando não estava tocando e cantando, regia a massa sonora com uma das mãos e com a outra, segurava a guitarra.

Palco cheio! Música vigorosa, viva! Tecnicamente perfeita! Cheia de acidentes e compassos mistos de difícil execução, mas feita com uma organicidade e despojamento de dar inveja! Ora melancólica, ora festiva , a melodia pesseia entre tonalidades menores e maiores sem pedir muita licença, assim como dissonâncias e consonâncias! Levantou o público. Aula pra quem quer aprender a fazer bonito e bem feito!

Cenário? Nada. Luz? Muito simples. Só para garantir a leitura dos músicos. O som, impecável! O nome do engenheiro: Dusan Vasic. Nós? Somos os felizardos que podemos degustar cada pedacinho! Ou cada gole? Saí embriagada!

Salud! Alkohol!

Simone Rasslan

*Simone Rasslan, chegou em Porto Alegre em 1988. Veio de Dourados(MS) para estudar regência na Ufrgs. É cantora, instrumentista, compositora, regente, educadora musical e atriz. Uma das criadoras do
espetáculo Rádio Esmeralda, no qual dividiu o palco com Adriana Marques por 9 anos sob a direção de Hique Gomez. No ano passado, estreou com Alvaro RosaCosta e Beto Chedid.: Xaxados e Perdidos.

Um comentário:

Alvaro RosaCosta disse...

Muito bom!!!...Só o " Bonitão" é que não entendi direito!!!??
Mas...fazer o que?